quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

6 Informativo Semente Nova de Junho de 2006

Editorial

Pentecostes: o Deus entre nós
Queridos (as) irmãos (as) em Cristo, Paz e Bem! Estamos vivenciando o grande acontecimento de Pentecostes, de grande importância para nós, pois é ali que começa a Igreja de Jesus Cristo continuada hoje em nossas Comunidades Eclesiais de Base. Era uma pequena comunidade de pessoas dispostas a seguir adiante a missão que Cristo começou. Missão esta que é a nossa hoje.
Na atualidade vivemos os elementos ligados à cultural do “descartável”. O consumismo reflete-se também na nossa religiosidade, e o homem, habituado a se dirigir ao supermercado para escolher a mercadoria que lhe serve, se dirige do mesmo modo para a proposta religiosa que lhe parece mais cômoda e imediata, a que menos exija compromisso.
Estamos vivendo no mundo da eficácia. Temos muita dificuldade de viver em comunidade, porque só nos ocupamos do que vai render algum fruto imediato. Se abraço determinada “igreja”, a primeira pergunta que faço é: que proveito ela trará para minha vida? Há uma compensação. Eu me torno discípulo e, em compensação, terei um efeito imediato: a cura, o êxtase o consolo, etc. Porém, nessa “religião” de resultados raramente são colocados os frutos do Espírito Santo – o amor, a justiça e o compromisso com o outro. Assim, não dá para dizermos ou cantarmos aquele antigo refrão: “Ele está no meio de nós, sua Igreja povo de Deus”, pois, “nisto se revelam os Filhos de Deus e os filhos do demônio: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão” (1Jo 3,10).

Franciscanismo

“Somos chamados a evangelizar, a Boa Nova do Reino anunciar...", Chamados, Convidados e Convocados para o anúncio da Boa nova de Jesus Cristo do jeito de São Francisco e Clara de Assis. É assim que nós frades menores capuchinhos nos sentimos vocacionalmente no trabalho missionário com o povo de Mato Grosso e Rondônia. Para sermos verdadeiros "instrumentos" de anúncio e vivência da boa nova, é necessário que tenhamos um coração aberto aos apelos do Evangelho e a prática franciscana. Nós, vocacionados, somos convidados a passar por algumas etapas de formação e uma delas é o chamado POSTULANTADO, período em que o jovem é convidado a postular a vida religiosa fazendo da sua vocação uma opção pela vida em fraternidade, onde se faz a experiência de acolhida ao "diferente" que vem da sua realidade (familiar, cultural) para conviver e somar os ideais e solidificar as convicções dentro de uma vivência fraterna que para nós é a própria expressão da Boa Nova:"os irmãos, era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum" (At 4,32).
O postulantado como fase inicial tem este fio condutor que leva os jovens a aprofundar, amadurecer e realizar a opção vocacional por uma causa que os faça feliz junto com os irmãos e o povo que Deus nos confia. O postulantado "também deve ser provada e cultivada a maturidade humana principalmente afetiva e também a capacidade de discernir evangelicamente os sinais dos tempos". (Const. 28) Realmente nós somos sementes lançadas ao campo. Que semente é você? Em que terreno você está? Temos a prova de que somos iluminados pelo raiar do sol e agraciados pelas chuvas; a capacidade nossa de dar frutos só depende do cultivo diário da personalidade ligada aos diversos fatores que nos preenchem: a identidade, sexualidade e afetividade. São aspectos que bem cultivados e amadurecidos pela prática diária da oração, trabalho, convivência e lazer, faz-nos sermos pessoas Íntegras e felizes e realizadas.
Jovem, você não deseja postular a sua vida?... A Boa Nova nos foi anunciada e é preciso que você, nós hoje, sejamos anunciadores de Deus a serviço de seu Reino, como Verdadeiros Missionários Capuchinhos!
Frei Carlos Antônio Rodrigues da Silva. Paz e Bem!

Teologando


SEGUIR JESUS SEGUNDO MARCOS
Quando conhecemos e amamos profundamente alguém, gostaríamos de ficar sempre com essa pessoa. O mesmo acontece com Jesus. As pessoas que o conheceram e entraram no mistério de sua vida e missão, queriam ficar com Ele e segui-lo. Não basta saber quem é Jesus. É preciso optar por Ele e segui-lo, assumindo seus valores, seu projeto de vida que se revela na sua prática. Mas como se dá isso? Os quatro evangelhos testemunham que só compreende o projeto messiânico de Jesus quem se dispõem a segui-lo no seu caminho até a Cruz.
Por isso, logo nos primeiros capítulos de cada evangelho, aparece o relato do chamado. Quem ouve e segue torna-se discípulo ou discípula dele. O seguimento de Jesus é um longo processo com renovado chamado e resposta Jesus forma comunidade com seus discípulos e discípulas, por isso diz: “Fiquem unidos a mim e eu ficarei unido a vocês... Vocês não poderão dar frutos se não ficarem unidos a mim”.
Quais as condições para seguir Jesus? A principal é participar do destino do Mestre. Quem segue Jesus deve comprometer-se com Ele e estar com Ele na perseguição. É difícil compreender isso, por isso Marcos coloca todo seguimento de Jesus no caminho entre duas cenas de cegos: (Mc 8, 22-26).
Nesse caminho, após os três anúncios da paixão, morte e ressurreição, Jesus orienta seus discípulos apresentando as condições para segui-lo: “Perder a vida para ganhá-la”.
Fr. Antônio.

História da Vocação


Falar da própria história é sempre muito difícil, sobretudo de forma tão resumida. Mas farei o possível para contar um pouco da história da minha “vocação à vida religiosa”.
Partirei dos 13 anos de idade, quando minha família mudou-se do estado de São Paulo para a cidade de Sinop no Mato Grosso. Lá procuramos uma comunidade para participarmos, e, um ano depois, recebi o convite por parte de meu catequista para me integrar ao grupo de jovens que havia naquela mesma comunidade.
A comunidade era bastante pobre, nem igreja tinha. Havia apenas um salão onde tudo era improvisado, pois era um local “multiuso”. Ali aconteciam os encontros de catequese, de ceb’s, de grupos, de pastorais, movimentos sociais etc. Aconteciam naquele mesmo local, aos sábados à noite, as festas e os bailes, “eta coisa boa!”, e antes que o dia de domingo amanhecesse limpávamos e organizávamos o salão para a missa.
Assim, fui me envolvendo com a comunidade através do grupo de jovens, interagindo com a Pastoral da Juventude e, conseqüentemente, com a sociedade, pois promovíamos eventos como gincanas, shows, torneios de futebol e voleibol. Também impulsionamos inúmeras campanhas de solidariedade às famílias carentes e às pessoas doentes. A Pastoral da Juventude estava muito ativa e seu trabalho era reconhecido tanto pela igreja quanto pela sociedade. Como líder da PJ no estado, tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas que trabalhavam em diversos setores da sociedade, no âmbito estadual e nacional. Inserido nesse contexto, eu via a presença de muitos religiosos junto com a gente, e pensei em partir pra este rumo. Conversei com uma irmã - grande amiga - e com um jovem frei, ambos assessores da PJ, sobre a minha vontade de seguir a vida religiosa. Aconselharam-me a pensar melhor sobre o tema, já que eu estava namorando e que ainda era muito jovem, pois tinha 18 anos, e sugeriram que me inserisse ainda mais nos movimentos sociais. Achei interessante o conselho deles, e foi aí que me tornei um militante do PT. De vez em quando pintávamos a cara com os estudantes e íamos para as ruas, como diz o Zé Vicente: “gritando palavras de ordem, de uma nova ordem...”. Ao iniciar o ano 2000, eu já estava decidido a fazer uma experiência de vida religiosa. Porém, antes disso, o Partido dos Trabalhadores me convenceu a ser candidato, pois como era um partido novo na cidade deveríamos divulgá-lo, mesmo que as chances de se eleger um petista fossem mínimas. Aceitei a candidatura, deixando claro que em novembro daquele mesmo ano eu iria para o seminário. Assim aconteceu, aos 23 anos de idade fui acolhido pelos freis capuchinhos em Cuiabá!
Fr. Kellycio


Filosofando

Deus é autor do mal?

Se Deus é criador de todas as coisas de onde provém o mal? Eis o que diz um fragmento da Ética de Epicuro, face ao problema do mal: Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso, o que, igualmente, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males? Por que Deus não os impede?
“Pois Deus não fez a morte, nem tem prazer em destruir os viventes” (Sb 1,13), porque a soberana essência faz ser tudo quanto existe. Mas a morte, ao contrário Daquele que dá a vida, precipita no não-ser a tudo o que morre, porém, há de se considerar que a morte não é absoluta, mas um processo para a vida. O ser que morre não morre inteiramente, porque se as coisas mortais ou corruptíveis perdessem inteiramente seu ser, chegariam ao nada. Tanto mais morrem quanto mais deixam de participar da ação criadora de Deus. Ou, dito mais brevemente: tanto mais morrem, quanto menos são. É assim que todo corpo (apenas material) é menos do que vida qualquer, pois a pequenina forma que lhe cabe perdura no ser, graças à Vida que organiza tão bem, seja cada ser animado, seja o conjunto da natureza universal. Logo, o corpo (material) está mais sujeito à morte e, portanto, mais próximo do nada. Isto posto, o ser com alma, que pelo gozo material abandona a Deus, tende ao nada e esse é o mal (nequitia).
O afastamento de Deus torna a vida terrena e carnal. Enquanto permanece nesse estado não possui o reino de Deus, e o objeto de seu amor lhe escapa. Isso porque ama o corporal que é menos do que a Vida. Devido a essa desordem, é corruptível o objeto de seu amor. Há um abandono de Deus como aconteceu no relato bíblico em que Eva despreza o mandato divino: “Coma isto e não aquilo” (Gn 2,16.17). Portanto, o homem vê-se arrastado às penas, por reduzir sua vida à imanência. A escravidão da matéria envolve o ser humano na dor: “Pois o que é a dor, a chamada dor física, senão a perda repentina da integridade do corpo que – por abuso da alma – caiu sujeito à corrupção? E no que consiste a dor dita da alma, senão na privação das coisas perecíveis de que a alma desfrutava ou esperava desfrutar? A isso se reduz tudo o que se chama de mal, isto é, o pecado e o castigo do pecado”. (Santo Agostinho)
Fr. Heinrich

Mensagem


O PARADIGMA DA HOSPITALIDADE

Vivemos numa época denominada pós-moderna, como alguns referenciais teóricos costumam atribuir. Entretanto, ainda não temos bem claro o que isso significa e quais as implicações desta era. Tudo isso porque vivemos numa realidade de Terceiro Mundo que acaba se “adequando” ao Primeiro Mundo por causa de sua “dependência” em todos os níveis: cultural, político, econômico e religioso, sobretudo a partir do fenômeno ao qual designamos globalização. Este fenômeno por um lado pode criar uma oportunidade de encontro de todos com todos e, por outro lado, pode ser uma encruzilhada para a humanidade.
Todavia, conforme nos apresenta o paradigma planetário faz-se necessário quatro valores pertinentes para uma globalização bem sucedida: a hospitalidade, a convivência, a tolerância e a comensabilidade. Eis o novo paradigma contemporâneo.
Segundo Sanchez na obra ....., a hospitalidade era a lei sagrada entre os semitas, devido à precariedade da terra e do ambiente e de acordo com a sua cosmovisão antropológica que só via nos outros amigos ou inimigos. No entanto, para o teólogo da libertação, Leonardo Boff, a hospitalidade é, antes de mais nada, uma disposição da alma, aberta e irrestrita. Ela, como amor incondicional em princípio, não rejeita nem discrimina ninguém. É simultaneamente uma utopia e uma prática. A hospitalidade congraça assim o humano e o divino e pode garantir o fundamento para uma convivência minimamente terna e fraterna de todos dentro da mesma Casa Comum. Somente a partir de uma prática da hospitalidade, juntamente com as demais virtudes, é que forneceremos o chão da esperança para todos.
Quem hospeda a Deus se faz templo de Deus. Quem faz dos estranhos seus comensais herda a imortalidade feliz. Todo estranho produz o sentimento de estranheza normalmente associado ao receio e ao medo. A hospitalidade para com o estranho envolve abertura, coragem de enfrentar e superar a estranheza que provoca o medo, a desconfiança, o afastamento e até a rejeição do outro. Hospitalidade é acolher o estranho assim como se apresenta sem logo querer enquadrá-lo nos esquemas válidos para nossa comunidade. Tudo passa pelo outro, fora dele não há salvação. O inferno não é o outro como afirmou Jean Paul Sartre, mas o caminho para o céu.
Frei Hélio Meireles

Humor

Comida Ruim
O sujeito está jantando num restaurantezinho sujo de beira de estrada.
Quando o garçom passa perto de sua mesa ele resolve reclamar:
- Garçom, eu não consigo comer esta comida! Chame-me o gerente, por favor!
- Não adianta, senhor! Ele também não vai conseguir comer.
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Padres
O velhinho está nas últimas. O padre está a seu lado para dar-lhe a extrema-unção. Ele lhe diz ao ouvido:
- Antes de morrer, reafirme sua fé em nosso Senhor Jesus Cristo e renegue o Demônio!
Mas o velhinho fica quieto. O padre pergunta:
- Vamos lá... Quando se deixa este mundo, é preciso se preparar e renegar o mal para poder juntar-se ao Senhor o mais rápido possível...
Por que você não quer renegar o Demônio?
Então o velhinho, com uma voz trêmula:
- Enquanto eu não souber para onde eu vou, não quero ficar mal com ninguém!
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Trabalho
Um cara que estava trabalhando viu o outro deitado numa rede na maior folga e falou:
- Você sabia que a preguiça é um dos 7 pecados capitais?
Aí o cara na maior folga respondeu:
- Sei, sim. Mas a inveja também é, viu?

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