Editorial
Vida Religiosa-Resposta ao chamado de Deus.
Todo ser humano tem dentro de si o desejo de realizar-se e de ser feliz. Para que esse desejo seja concretizado, é necessário fazer algumas opções na vida e escolher, com maturidade, o caminho a ser percorrido para alcançar tal objetivo. A vida nos apresenta muitas opções, por vezes muito tentadoras e aparentemente ideais, oferecendo-nos respostas imediatas às nossas dúvidas e buscas. Porém, sabemos que nem sempre o que é mais fácil é o melhor para nossa vida. Deus nos aponta alguns caminhos e nos faz convites para que sejamos capazes de olhar dentro de nosso íntimo e perceber o que melhor corresponde aos nossos anseios. A esse chamado damos o nome de vocação. A vocação à Vida Religiosa é um desses caminhos apontados por Deus. Se damos uma resposta positiva a ele, somos desafiados a amadurecer nosso sim e dar um passo de cada vez para alcançarmos nossa felicidade. A esses passos chamamos etapas formativas. Estas nos preparam para entender e assumir, com amor, responsabilidade e fidelidade esse caminho escolhido.
Ao final de algum tempo de experiência e amadurecimento, damos nossa resposta livre, espontânea e consciente. Fazemos votos a Deus de vivermos nossa castidade, obediência e desapego de tudo o que impeça nosso objetivo primeiro: Ser Feliz!
Assim, professamos pública e conscientemente, por toda a nossa vida, o desejo de assumir um estilo de vida e um carisma. Esta resposta definitiva são os "votos perpétuos", que professamos como um SIM permanente ao chamado feito por Deus. Fiz minha experiência, amadureci e fiz a minha escolha. Digo com toda certeza: Sou Feliz e encontrei meu caminho.
E você, já pensou no chamado que Deus está lhe fazendo? O tempo é agora e a resposta só depende de você.
Frei Reginaldo Casinato
Franciscanismo
Francisco e a Pobreza
Francisco era filho de uma família nobre, poderia muito bem ser um rapaz bem sucedido na vida, cheio de bens e fortunas. Mas deixa tudo e começa a viver como Jesus, pregando o Evangelho, sem levar no caminho nem sacolas, nem calçados, nem bastão. (Mt 10,10): Ser pobre é libertar-se e desprender-se das coisas materiais, sem deixar-se ser escravizado por elas, vivendo com o mínimo necessário e ser capaz de receber Deus dentro de Si.
Foi isto que São Francisco fez durante a sua caminhada, deixou ser conduzido pelo Espírito de Deus, vivendo com o necessário e prestando solidariedade aos mais necessitados. Francisco orientou os frades a viverem uma “pobreza sóbria e simples, seja na comida, na roupa, na moradia...” (Const: 60,3).
Essa pobreza é um elemento essencial que modela a vida e regra dos frades. A pobreza é um dos conselhos evangélicos da missão de Cristo e de Francisco que procurou vivenciá-la.(Lc10,4) Baseando-se nesse versículo do Evangelho, Francisco faz uma grande reflexão sobre o despojamento, aconselhando que todos os frades se contentassem com o pouco e fossem solidários com os mais pobres do que eles; partilhando este pouco que têm. Sendo assim, os frades seriam fiéis à pobreza e humildade de Jesus...
Essa pobreza, Francisco soube viver com alegria, não como uma obrigação; e orientou os frades que vivessem da mesma forma, porque a pobreza vivida com alegria afasta da falta de generosidade ao próximo, do excessivo apego ao dinheiro e até mesmo do ciúme que tem, como conseqüência, a desunião dos irmãos: “Onde a pobreza se une à alegria, não há cobiça nem avareza”(Adm. 27,3).
Francisco deixou um compromisso a seus irmãos e a todas as pessoas de bom coração: a vivência em consciência solidária com os inumeráveis pobres de toda a terra, promovendo também as obras de justiça e de caridade para promover o progresso dos povos.
Frei Alessandro J’ de Moura
História da Vocação
Eu tinha uns três ou quatro anos de idade quando o Padre da Paróquia Santo Antônio, da cidade em que nasci (Batayporã-MS), brincou comigo e disse: “você vai ser padre!”. Não dei muita importância. Tanto que nem gostei nada da idéia. Após alguns anos, em busca de melhores condições de vida, meus pais migraram para RO. Como morávamos no interior da cidade de Rolim de Moura, padre era como páscoa e natal; ou seja, tínhamos contato uma vez por ano.
Novamente em busca de melhores condições (agora de estudos) mudamos para Pimenta Bueno.
Lá encontrei um jovem que me disse que era seminarista. Eu nem sabia o que era aquilo. Mas me lembro que ele gostava de eletrônica, isso me chamava a atenção, porque eu também gostava. Mas não pensava de forma alguma em seguir estudo para ser padre ou religioso. Porém, foi assim que passei a freqüentar, todos os finais de semana, o seminário. Lá fui muito bem acolhido. Sentia-me bem entre os freis.
No final de 1994, Frei Laudino convidou-me para ingressar no seminário. Muito eufórico, disse sim. No dia 01 de fevereiro de 1995, entrei na Casa de Formação Frei Silvestre. Foi no próprio seminário que fui conhecendo melhor a vida religiosa e amadurecendo minha opção de vida. Em 1999 fui para o noviciado em Cuiabá-MT. Porém, por ter tido dificuldades de vivência com o grupo que ali vivia, solicitei minha saída da ordem. No entanto, no ano de 2000, com um novo grupo de noviços, retornei à minha formação religiosa. Hoje, olhando a história da minha vida, vejo que mais da metade dela está dedicada à vida voltada a Deus. Entretanto, apesar de ter uma família tradicionalmente católica, vejo que ser o que sou hoje não estava em meus projetos. Tudo surgiu inesperadamente.
Neste ano, professarei os votos solenes (02 de outubro) e, assim como o povo de Israel, que tinha dificuldades pelo caminho (“e quem não tem que atire a primeira pedra”), quero, com firmeza, fazer minha aliança com Deus, pedindo aos irmãos que me ajudem a viver com alegria o que vou professar.
Enfim, espero que também nós possamos saber acolher, animar e motivar novos jovens e crianças a buscarem sua vocação e vivê-la com alegria.
Frei Geovani
Humor
Era o último domingo que o frei estaria naquela igreja, no ano seguinte ele estaria em outra comunidade. Após a missa uma senhora veio lamentar-se e ele tenta tranqüilizá-la:
- Não se preocupe, encontrarão outro frei que exercerá um excelente trabalho.
- Ela lhe respondeu: foi exatamente isso que nos disseram na última vez.
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Na porta da igreja, antes da missa, conversa rola, e o padre no meio de um grupo. Um cabra de chapelão de palha e peixeira na cintura diz:
- Pois padre, me desculpe, mas comigo é assim: se o cabra me contar uma mentira eu faço hannnn... Se ele não justificar eu passo a peixeira na barriga.
- Começa a missa e o cara ta lá no primeiro banco, bem compenetrado. Na hora do sermão, o padre explica o milagre da multiplicação dos pães:
- Meus irmãos, Jesus alimentou cinco mil pessoas com cinco pães...
- Antes de concluir o homem que não admitia mentira fez Hannnn... - E o padre muito que ligeiro ajustou: mas também cada pão era do tamanho desta igreja.
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O Portuga e os óculos
Lá no escritório, o português fala pro amigo brasileiro:
- Escuta...tu me empresta teu óculos que eu preciso escreveire uma carta?
- Mas, Joaquim...meus óculos são para longe!
- Não tem importância! A minha carta também.
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Filosofando
O Mal para Santo Agostinho
Na realidade em que nos encontramos atualmente, somos levados a pensar que não utilizamos a filosofia ou que ela não esteja presente no nosso cotidiano. Entretanto, a amizade pela sabedoria está presente e faz parte de nossa vivência mais do que se imagina, nos levando a refletir sobre temas importantes e nos faz questionar sobre as nossas ações diárias...
Um dos grandes problemas da Filosofia Cristã é a questão do mal. Segundo o cristianismo, se Deus é onisciente, tudo sabe, se Deus é onipresente, está em todo o lugar, e se é onipotente, tudo pode... Então, por que o mal existe? Já que Deus é bom e fez todas as suas criaturas boas, como pode existir a maldade? Partindo deste questionamento, Santo Agostinho, um dos grandes filósofos cristãos, passou grande parte de sua vida procurando responder de onde vem o mal e quais são as suas causas.
Segundo o mesmo, o afastar-se de Deus e de seu Bem, gerou no homem o mal, afastamento este assumido livremente pelo homem, a partir da queda de Adão, quando o mal passou a se desenvolver em outras criaturas boas, distanciando-as da razão e enchendo-as de desejos.
Estes seres maus esforçam-se em se afastar do bem... O mal só se apossa da pessoa humana, a partir do momento em que se aproveita de uma coisa boa para agir, necessitando da presença do bem para fazer estes corpos bons se distanciarem deste bem.
O mal é como uma ausência de Bem e não como uma força poderosa que confronta o Bom, que é Deus. Este mal acontece no ser humano quando este comete um erro, peca, mente e vive no sofrimento acarretado pela culpa, compreendendo assim que as pessoas e todas as substâncias em si próprias estão ligadas ao Bom, a Deus, que as criou e as fez boas.
Com estas constatações, Santo Agostinho consegue explicar, de forma clara e sem deixar dúvidas, que o mal tem sua procedência no nada.
Com árduas pesquisas e averiguações sobre a origem e sobre as causas do mal, chega-se à conclusão ele não é senão o nada...
Deus não o criou, pois se o tivesse criado, o mal seria bom e não faria com que as pessoas se distanciassem do Bem.
Frei Darlan Dal’Maso
Teologando
Segundo alguns estudiosos, não é possível fazer teologia, a não ser por meio da Teologia da Libertação, isto é, a partir dos (e com) os pobres.
Parece-me que muitos dos nossos grupos de formação e experiências pastorais “fracassaram”, pois não conseguimos nos libertar do nosso desejo de libertação para os outros. E quando grifo, aqui, o “nosso”, refiro-me aos teólogos e agentes de pastorais (incluindo-me entre estes), que tiveram, e têm, de várias formas, um papel de liderança e formação.
Até que ponto os nossos desejos se Ser pobre é libertar-se e encontram com os desejos dos pobres?
Será que não confundimos, muitas vezes, os nossos anseios como os anseios dessas pessoas?
Não terá sido o nosso discurso de libertação mais atraente do que a partilha, feita pelos pobres, dos seus sofrimentos?
Qual foi o lugar que a história do sofrimento dos pobres tomou, realmente, na nossa prática?
O esquema ver–julgar–agir, em muitas experiências, já não estava indiretamente definido?
Até que ponto o pobre foi realmente sujeito da história e do processo proposto?
Frei Antônio Francisco
Mensagem
Fonte inesgotável
A Bíblia em nossa vida
Geralmente, algumas pessoas têm o costume de ter um livro na cabeceira da cama para, antes de adormecer, fazer uma breve leitura. Ter um livro como companheiro é sinal de que está sempre em busca da sabedoria, pois é esta que nos leva a conhecer novos horizontes e aprofundar o que já conhecemos.
É neste sentido que a sabedoria de Deus vem a nós, os que acreditam na Sua palavra revelada na Bíblia sagrada. Nós, cristãos e cristãs pertencentes à Igreja, temos a oportunidade de aprofundar o conhecimento e a meditação da palavra de Deus em nossa vida, com mais intensidade durante o mês de setembro, dedicado pela Igreja como o mês da Bíblia.
Porém, isto não deve ser feito somente neste período, somos convidados a, diariamente, tornar viva a palavra de Deus em nossa vida, já que ela é uma fonte inesgotável, atraindo-nos a seu saber... Quando deixamos que o saber de Deus penetre em nosso coração, transformando-nos para uma nova realidade de vida, certamente poderemos afirmar, com as mesmas palavras do célebre Frei Luiz Sebastião Turra: “a vossa palavra, Senhor, é sinal de interesse
interesse por nós”.Realmente! A Palavra nos transforma e, por isso, nos interessa. Na Bíblia, Deus fala ao coração atua nele. E é por meio dela que nós, seres humanos, podemos penetrar no coração de Deus. Assim como afirma São Gregório Magno: “ler a Bíblia é aprender a conhecer o coração de Deus, mediante suas palavras”. É de suma importância crer que só poderemos mergulhar no conhecimento de Deus por meio de Sua palavra. Entretanto, não podemos recusar a profunda experiência de fé tida na vida cotidiana de Sua presença.
Quando tivermos a oportunidade de termos, em mãos, a Bíblia, não deixemos passar despercebido o tempo que podemos dedicar à leitura e reflexão da palavra de Deus, pois é um forte instrumento que nos faz conhecer as maravilhas reveladas por Ele. Tomemos, como reflexão bíblica, a leitura de Pr 4,20-22.
Frei Carlos Antonio Rodrigues da Silva
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