Introdução
Conforme o "Ofício Divino das Comunidades" a Semana Santa é o coração do tempo da Quaresma. Nos quarenta dias em que a comunidade experimentou, com mais intensidade, a exigência do seguimento de Jesus, teve a oportunidade de aprofundar sua conversão pessoal e o seu compromisso social...agora é convidada a celebrar com autenticidade o mistério central de nossa fé: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus de Nazaré. Acompanhado Jesus de Nazaré em Jerusalém, a comunidade cristã recebe em seu meio o Cristo Messias, que vem irradiar sua luz, comunicar sua paz e nos encher de alegria. Partilhemos agora, algumas idéias, relacionadas a esta questão com a reflexão do Frei Carlos Mesters:
Jesus termina a viagem e chega em Jerusalém, onde se darão os acontecimentos mais importantes da sua vida. Ao entrar na cidade, ele realiza três gestos simbólicos que revelam sua identidade messiânica:
1 . Entra montado num jumentinho que, conforme as profecias, era a característica do rei justo, pobre e desarmado (Mt 21,1-11).
2. Entra no Templo, expulsa os vendedores e denuncia a hipocrisia do comércio dos animais para os sacrifícios (Mt 21,12-17).
3. Amaldiçoa a figueira para expressar sua crítica contra o povo de Israel, por ele não ter produzido frutos de justiça (Mt 21,18-22). Quando Jesus entra em Jerusalém, a cidade fica agitada e se pergunta: "Quem é este?" (Mt 21,10). A multidão respondia: "E o profeta Jesus de Nazaré, da Galiléia" (Mt 21 , 11).
A palavra usada por Mateus para descrever a reação da cidade era usada também para descrever os tremores de terra. Esta reação da cidade e da multidão nos dá urna chave para entender o que estava acontecendo nas comunidades para as quais Mateus escrevia o seu evangelho. Os fariseus e os chefes da sinagoga se agitavam, reagiam contra os seguidores de Jesus e se recusavam a aceitá-lo como Messias. No entanto, a multidão, as pessoas simples o identificavam como o profeta anunciado por Moisés (Dt 18,15.18), em total continuidade com a história e as esperanças de Israel.
Comentando o texto
1 . Mateus 21,1-5: O messias pobre e desarmado.
A cena da entrada de Jesus em Jerusalém revela a sua identidade como Messias pobre e desarmado. Jesus mesmo toma as providências para entrar na cidade montado num jumentinhho, o transporte dos pobres daquela época. Ao narrar este episódio, Mateus se inspira na tradição profética. Para dar à cena o sentido do cumprimento da profecia, ele cita literalmente o texto de Zacarias 9,9: "Dizei à Filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti. Ele é manso e está montado num jumento, num jumentinho, cria de um animal de carga!"
2. Mateus 21,6-7: Acolher Jesus tal como ele se revela e se apresenta
Os discípulos são encarregados de preparar o animal para a entrada de Jesus na cidade. Eles vão e fazem exatamente como Jesus mandou. Por trás desta narração tem um recado para as comunidades: verdadeiro discípulo é aquele que aceita Jesus do jeito que ele é e quer ser, e não do jeito que elas gostariam que ele fosse. Se Jesus se fez Messias pobre e desarmado, não podem fazer dele um messias glorioso e poderoso.
3. Mateus 21,8-9: Eles queriam um grande rei
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Foto: Sebastião Alcantes
- Comunidade São Francisco de Assis - Cidade Alta |
A multidão reage entusiasmada, estendendo seus mantos no chão para Jesus passar, e grita: "Hosana ao Filho de Davi !" Eles reconhecem em Jesus o Messias, o descendente do rei Davi. "Eles queriam um grande rei, que fosse forte e dominador!" Jesus não apreciava muito este título de "Filho de Davi" e chegou a questio¬ná-lo (Mt 22,41-46). Pelo seu jeito de entrar na cidade sentado num jumentinho, ele estava dizendo que a sua maneira de ser rei era diferente.
4. Mateus 21,10-11: Quem é este?
A entrada de Jesus em Jerusalém questiona o povo da cidade. Ela fica abalada, agitada e se pergunta: "Afinal, quem é este que a multidão acolhe como rei messiâ¬nico? Por que ele vem como um pobre?"
Alargando o texto
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Foto: Sebastião Alcantes
- Comunidade São Francisco de Assis - Cidade Alta |
1. As várias imagens de Messias A causa do desencontro entre Jesus e o povo tinha a ver com a esperança messiânica. Havia entre os judeus uma grande variedade de expectativas. De acordo com as diferentes interpretações das profecias, havia gente que esperava um Messias Rei (Mt 27,11). Outros, um Messias Santo ou Sacerdote (Mc 1,24). Outros, um Messias Guerrilheiro subversivo (Lc 23,5; Mc 15,6; 13,6-8). Outros, um Messias Doutor (Jo 4,25). Outros, um Messias Juiz (Lc 3,5-9; Mc 1,8;). Outros, um Messias Profeta (Mt 21,11). Ao que parece, ninguém esperava o Messias Servo, anunciado pelo profeta Isaías (Is 42,1 ; 49,3; 52, 13). Eles não se lembraram de valorizar a esperança messiâ¬nica como serviço do povo de Deus à humanidade. Cada um, conforme os seus próprios interesses e conforme a sua classe social, aguardava o Messias, livrinho na mão, querendo encaixá-lo na sua própria esperança. Por isso, o título Messias, dependendo da pessoa ou da posição social, podia significar coisas bem diferentes. Havia muita mistura de idéias!
2. Os ramos na festa da entrada de Jesus
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Foto: Sebastião Alcantes - Comunidade São Francisco de Assis
- Cidade Alta |
Hoje celebramos a entrada de Jesus em Jerusalém com ramos. A origem desta aclamação vem da Festa das Tendas, que era realizada no outono, depois da colheita (Dt 16, 13; Lv 23,34). Ela lembrava o tempo em que o povo israelita fazia sua caminhada pelo deserto (Lv 23,43), morando em tendas. Por isso, durante uma semana, eles recolhiam ramagens e formavam tendas por toda parte (Ne 8, 14-17). O povo agitava os ramos e dizia: "Bendito o que vem em nome do Senhor" . E os sacerdotes respondiam: "Da casa de Javé nós vos abençoamos" (Sl 118,25-27). A Festa das Tendas era um momento de alegria e de louvro, que mantinha a identidade do povo e lhe dava resistência.
Neste sentido, no "Domingo de Ramos" ou "Domingo da Paixão", a Igreja comemora a entrada messiânica de Jesus de Nazaré em Jerusalém. O "Domingo de Ramos" e também o "Tríduo Pascal" são os alicerces da Semana Santa, isto é, do Mistério Pascal de Jesus de Nazaré. No "Domingo de Ramos" e da "Paixão" as comunidades participam da procissão com ramos de oliveiras, palmas ou outros ramos medicinais verdes, lembrando a entrada messiânica de Jesus de Nazaré em Jerusalém.
Na "Quinta-feira Santa", lembramos a instituição do sacerdócio e da Eucaristia. Na "Sexta-feira Santa", a Igreja comemora o sofrimento e a morte de Jesus de Nazaré na Cruz, ou seja, a Páscoa da Cruz. No "Sábado Santo", recordamos o tempo em que Jesus de Nazaré esteve na sepultura. Tempo propício para o silêncio e a oração. A Igreja mergulha num mistério de vigilância e expectativa do "germinar da vida nova" aguardando confiante a ressurreição do Senhor. Nesta ocasião celebra-se a "Páscoa dos batizados", visto que, a "Liturgia da Luz" simbolizada pelo fogo novo e pelo Cirio Pascal e, a "Liturgia da Agua", simbolizada pela água, pela renovação das promessas batismais remete a fé em Jesus de Nazaré. No "Domingo de Páscoa", comemoramos a vitória da vida sobre a morte, a vitória do amor sobre o ódio, a vitória da luz sobre as trevas. É o "Dia do Senhor", o grande horizonte de nossa fé.
"Se caminhar é preciso caminharemos unidos", eis algumas fotos do "Domingo de Ramos", ocorrido em Espigão do Oeste (RO). A abertura da manifestação de fé aconteceu na Praça Municipal Nilo Balbinot, seguindo pela rua Bahia, em direção a Igreja Nossa Senhora Aparecida. Durante a Celebração Eucarística ocorreu uma dramatização da letra da música "Elegia pela terra ferida". Foi um momento marcante e abençoado que marca o início da centralidade de nossa fé cristã, o Mistério Pascal.
Fonte:
http://www.redecelebra.com.br/boletim.php?id=189
Postado por: Hélio Meireles